sábado, 2 de agosto de 2008

Pashmina X Cashmere

Para mim pashmina era uma manta de lã de excelente qualidade feita na Índia e cashmere era um outro tipo de lã finíssima, muito usada pelos ingleses para fazerem suéteres de alta qualidade e por isso caríssimos. Mas não é bem isso...
Na verdade, a palavra pashmina deriva da Pérsia, “pashm” significa fina fibra de lã. Pashmina é a camada interna de lã situada na barriga de cabras (Chyangra -Capra Hircus), que vivem nas regiões altas do Himalaia (entre 3600m a 4200m), no Nepal, Tibet, Kashmir (estado norte da Índia) e Mongólia, em temperaturas que chegam a 40º graus negativos.
Esta lã é conhecida como a melhor do mundo pelo seu isolamento térmico e maciez. O fio é muito fino entre, 15 e 19 microns (o cabelo humano tem aprox. 75 microns de diâmetro), e por esta razão é enrolado a mão. Cada cabra produz de 85 a 225gr de lã.
Assim como usamos erroneamente a palavra champagne para descrever qualquer tipo de vinho espumante, também fazemos o mesmo quando falamos cashmere para nomear uma lã que seja muito macia. Para maiores esclarecimentos, cashmere é a pashmina retirada na Região de Kashmire no norte da Índia.

sábado, 26 de julho de 2008

Depois de muito tempo....

Oi pessoal desculpem - me pela demora, é que de novo, depois de 21 dias de trabalho, o Lú e eu fomos viajar. Desta vez eu não voltei com ele para a Índia e vim para o Brasil.
Lá está em plena temporada das monções que, em Kerala, são apenas 5 meses de chuvas intensas e também leves. Chove pela manhã, tarde e noite, muito, pouco e mais ou menos.... É interminável!
Como eu tinha que resolver alguns assuntos burocráticos aqui no Brasil, aproveitei para fugir de, pelo menos dois meses de chuvas.
Chegando aqui me distraí com os afazeres e abandonei o meu Blog!
Que pena, isso eu não posso fazer, afinal de contas ainda tenho mais estórias pra contar.
Ah! As placas de latão ficaram bem bonitas, mas o lado indiano da coisa é que, depois de todo aquele esforço do vendedor para achar a crase da língua portuguesa para colocar no “as” que era preciso, eles esqueceram de colocar na placa. Há, há,há, há...........

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Cliente do comércio

Aqui no hotel há horas venho namorando as placas de sinalização. São de latão e super polidas. Quando reparava numa, sempre pensava: “Puxa que capricho da manutenção!”
Até que pelas andanças pela cidade acabei vendo que existem lojinhas que vendem essa placas. Que legal, um dia vou ter que ver como é que é para fazer uma plaquinha para mim.
Chegou o dia em que o Luciano disse que ia comigo. Oba!
Vamos até uma, como os cidadãos “Calicutenses”, e ver se eles fazem uma plaqunha para mim, mas claro que escrito em português. Será?
Como todas as lojetas que já fui aqui na Índia, tudo é precário mas o principal, sem problemas.
_ “Senhor gostaria de fazer uma plaquinha como esta (mostrei uma foto da que gostei no hotel), tem como fazer em outra língua?”
_ “Claro, venha até o meu computador”.
Estou começando a me sentir à vontade com esse padrão de precariedade versos agilidade. Mas ao mesmo tempo ainda tenho muita vontade de rir de como tudo funciona.
Escrevi os textos num papelzinho, o cara do computador começou a fazer o modelo. Tudo perfeito, sorrisos para cá, sorrisos para lá, um probleminha. Um dos textos tinha um “a” craseado. O indiano quis desenhar a tal da crase, mas não ficou bom. Ele não desistiu, quietinho sem me dizer nada foi procurar a língua portuguesa no programa e achou. Me cutucou e perguntou:
_ “É essa aqui?”
_ “É, mas que eficiência!”
Acabei comprando quatro placas para colocar lá no prédio do escritório. Quarta-feira vou buscá - las para ver como ficaram...

Fotos

Fachada da loja
Seus eficientes funcionários
Entorno da loja

domingo, 22 de junho de 2008

Passeio de elefante

Jaipur: cidade grande! Muito atraente para os olhos consumidores de cacarecos, cerâmicas, couros, tecidos, paschminas, ouro...
Aqui também os turistas têm que “carimbar os passaportes” no forte da cidade. Mas esse, eu estava com muita vontade de ir porque no roteiro dizia que íamos montar em um elefante.
Foi surpreendente. Na base do forte Amber organizaram um local para os turistas ficarem em fila.
Para montarmos no elefante tivemos que subir em uma plataforma alta de pedra (como os marajás faziam), e os elefantes (todos fêmeas) estavam em fila, cada um esperando, a comando de um Indiano de turbante, que nós subíssemos na “caixinha acolchoada” e nos acomodássemos.
A partir daí começamos a nossa pequena viagem rampa acima para entrarmos no forte. É muito legal! Claro que existe uma balburdia de turistas e vendedores ambulantes, o que distrai um pouco a mente da situação romântica.
Todos os elefantes sobem um atrás do outro com o seu peso nas costas. Teve um elefante que empacou no caminho e os outros fizeram a ultrapassagem. Quando passamos por ele vimos que ele tinha parado para fazer xixi. Nossa! Parecia que tinham aberto um registro de alta pressão e deixado assim por uns 2 min. Foi uma molhaçada.
Eles também levantam a tromba e suspiram um ar cheio de gotas d`água, ainda bem que não me molhou.
Brincar de marajá por uns 10 min valeu a pena.

Fotos

Rampa do forte Amber
Plataforma à direita
Eu e o Lú rampa acima


O Lú já desceu...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Os 3 sentidos...

Voltando a falar dos nossos sentidos que ainda não contei e que estão sempre em estado de alerta aqui na Índia:
Tato: assim como podemos tocar em um tecido ou lã extremamente macios e agradáveis de se sentir também passamos pelo desprazer de ter que tocar em coisas públicas (puxadores e trincos de portas, alças de apoio em carros e riquixás, descargas de banheiros, maçanetas de janelas de carros, corremãos,....), que são super engorduradas. Eu não sei, acho que eles suam muito devido ao calor intenso e acabam engordurando tudo.
O Luciano fala que nos aviões novinhos os “botões”dos painéis são imundos (antes de voar ele faz uma faxina básica com produto desinfetante específico).
Vocês podem estar me achando uma fresca, mas é a pura verdade. Para quem vier à Índia eu recomendo trazer um gel desinfetante para as mãos, que pode se encontrar em farmácias aí no Brasil.
Paladar: a percepção deste sentido desencadeia outras sensações como calor, suor, ardência, arrepios...
Sim, eles usam a massala que é um segredo da comida Indiana e é uma mistura de especiarias, ervas e aromatizantes vegetais, além de usarem o famoso curry. Nem mexicanos que conheci por aqui aguentam, imaginem uma simples brasileira acostumada com sal?
Audição: como já falei antes as buzinas funcionam “a todo vapor”. Não existe motorista de carro, caminhão, ônibus, riquixá, moto e acredito que até de bicicleta que não as usem. Não são um artifício a ser usado em momentos de perigo ou de alerta, elas são um meio de comunicação que se popularizou aqui na Índia e acredito eu que veio para ficar, incluive atrás de caminhões e ônibus eles escrevem “horn me, please” ( busine para mim, por favor).
Mas aqui no Kadavu consigo escutar os pássaros piarem. Ufa! Como é relaxante...



























sábado, 24 de maio de 2008

E AGORA!

Antes de continuar falando dos nossos sentidos vou contar um Acontecimento com direito a letra maiúscula.
No dia que chegamos a Jaisalmer nos acomodamos no hotel, trocamos de roupa e antes de sair para dar uma volta na cidade achamos que seria bom alimentar a bateria da câmera fotográfica. Adivinhem! Procura daqui, procura dali e..... Não, não pode ser. Esquecemos? Procura de novo Luciano! Nada. E agora? Estamos a menos da metade da viagem e vamos ficar sem câmera? No Rajastão? Impossível. Temos que dar um jeito.
Mas essa cidade é no fim do mundo! Só tem vacas, sujeira, pobreza, um grande e lindo forte, um bom hotel, vendinhas. São Brito (para quem não conhece, ele é um santo milagroso. Se perderes ou se queres achar algo, promete três berros para São Brito), nos ajuda!
Explicamos para Mr. Singh (nosso motorista que nos acompanhou em toda viagem), e ele ficou pensativo e nos disse que ia nos levar numa loja de fotografias. Pra variar, nos olhamos com cara de“o que será que vai rolar”.
Chegamos no centro da cidade. Caos total, lojinhas do século passado, sujas, horrorosas, uma feira de verduras, vacas... Paramos o carro e entramos numa lojinha da Kodak. Um cubículo, com balcãozinho e um vendedor com os dentes marrons. Como é que vamos fazer esse cara entender que queremos um carregador de câmera digital bem moderna? O Luciano tentou. O cara chamou o dono da loja. Um Indiano com uma aparência boa, pelo menos. O cara escutou, pegou o celular e começou a falar blãn, blãn, blãn, que é o que parece que eles falam e nós, olhando....
Desligou, e com uma cara calma, tranqüila e séria nos disse: -“ Dois minutos por favor, meu irmão vem aí ”. Nessa hora tudo passou pelas nossas cabeças. O que será que ele vai fazer? Será que vai dar um jeito? São Brito não esquece de nós. Nós precisamos. Mas aqui nesse lugar?
Cinco minutos depois chega o tal irmão de moto e com uma coisa na mão. O que é, o que é? Será? Sim senhor, o carinha estava com um carregador no modelo da nossa câmera e ainda por cima com um adaptador para tomadas indianas. O QUÊ!
- “SÃO BRITO, SÃO BRITO, SÃO BRITO”!
A Índia é inexplicável...

Fotos

Mr. Singh tentando tirar o carro do estacinamento em frente à loja
Loja High Tech

Vendendor...
A aquisição...

sábado, 17 de maio de 2008

Sentidos

Aqui na Índia os nossos cinco sentidos nos permitem lembrar a cada momento que eles existem: OLFATO, VISÃO, PALADAR, TATO E AUDIÇÃO. Nossa, tudo aqui nos faz percebê - los com muita intensidade, principalmente no Rajastão.
As pessoas e as cidades são muito fedorentas, claro que existem exceções, mas os cheiros são incrivelmente ruins.
O Forte da cidade de Jaisalmer é o campeão. É o único Forte da Índia em que existem pessoas vivendo dentro até hoje.
As condições das milhares de pessoas que vivem dentro e fora do forte são assustadoras, é como se entrássemos no túnel do tempo e passássemos a viver na idade média. No Forte não se entra de carro, as ruelas são muito estreitas e cheias de vacas. O cheiro do esgoto misturado com os cocos de vaca são indescritíveis, só indo até lá para saber.
Mas a visão dá uma grande ajuda para esse passeio, mesmo tendo que ver a sujeira e as bundas das vacas! Existem os palácios reais com a fachada toda esculpida, os templos são esculpidos por dentro e fora, a vista é linda e o artesanato dá vontade de adquirir...
Apesar de ser uma descrição desanimadora eu achei que valeu muito fazer esse passeio, pois além de termos a idéia de se ter vivido uma “aventura” também podemos nos conscientizar do valor que o básico tem.
Quanto aos outros sentidos falarei deles depois.

Fotos

Ruelas com esgoto aberto
Feira de legumes
Vista da cidade
Uma das mil vacas....
Parte interna de um templo

Camelos também vivem lá

sábado, 10 de maio de 2008

Alguns Fortes do Rajastão

Udaipur, Jodhpur, Jaisalmer e Jaipur, lugares que visitamos, todos tem um Forte e / ou palácio construído encima de um morro.
Jaisalmer, por exemplo, tinha uma posição estratégica por estar na rota dos mercantes que vinham do Afeganistão à Ásia Central e vice- e- versa. Os governantes enriqueceram roubando pedras preciosas, seda e ópio das caravanas e o marajá Jaisal começou a construir o seu Forte em 1156, encima de uma colina com 80m de altura, usando a pedra local que chamam de Gold stone por ser muito amarela.
Mas a partir do século 16 os novos governantes eram mais pacíficos o que permitiu um crescimento da cidade ao redor do Forte com construções de palácios e Havelis. Havel significa casa e em Jaisalmer, de ricos, pois são grandes e com toda a fachada incrivelmente esculpida em pedra amarela.
Mas pergunta que não se cala. Como é que conseguiram levar essas pedras enormes lá para cima? Como construíram e esculpiram tudo isso? Só com muitos escravos, com trabalho duro e mortal.
Além disso tinham uma receita: usavam ópio. Os guias contam que os marajás queriam agilidade, é claro, e que naquela época davam para os trabalhadores, homens e elefantes, chá de ópio ou um pedaço para comer.
Finalidade: Dizem que bebendo ou comendo a pessoa ou animal, não fica doidona, mas fica mais forte, com mais vitalidade. Se é verdade ou não eu não sei, mas aqueles paredões estão lá bem altos e fortes.
Hoje em dia o ópio é proibido, pois o consumo, tanto fumando como ingerindo através de bebida ou comida causa dependência. Mas ainda têm pessoas que usam nas cidades e nas tribos do deserto.

Fotos dos Fortes e Palácios

Palácio de Udaipur

Base mais baixa p/ montar cavalo
Base mais alta p/ elefante (ao fundo)
Um detalhe de pintura no teto

Forte de Jaisalmer


Havelis


















Forte de Jodhpur

Um dos salões dos marajás



Forte de Jaipur

Subida em elefantes







Restauração

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Rajastão

Eu estava com muita curiosidade de conhecer esta parte da Índia que é muito famosa pelos tecidos coloridos e bordados, pelo artesanato e pelos seus fortes.
Além disso o Rajastão faz fronteira com o estado Uttar Pradesh onde fica Agra, a cidade do Taj Mahal.
Tenho uma amiga que foi para o Rajastão no início do ano e me indicou a agência de turismo que fez os serviços para ela. Inacreditavelmente muito eficiente. Aqui na Índia tudo é muito estranho. Quando as coisas são simples muitas vezes eles complicam, aí se cria um certo receio de como os indianos vão se desempenhar em algo mais complicado como organizar o dia a dia de dois turistas que precisam de hotel, guia, motorista, entradas, passagem de trem, etc.
Visitamos Udaipur, Jodhpur, Jaisalmer, Jaipur (a capital do rajastão) e Agra.
Chegamos em Udaipur de avião, depois fizemos os trechos Udaipur/Jodhpur, Jodhpur/Jaisalmer/Jodhpur de carro. Jodhpur/Jaipur de trem. Jaipur/Agra de carro.Anexei o mapa da Índia e do Rajastão para poderem se localizar bem, é só clicar em cima do mapa que dá para vê-lo em tamanho maior. No mapa do Rajastão fiz uma linha tracejada de azul para poderem ver o nosso trajeto.
Vou contar os fatos e lugares interessantes em diferentes postagens, pois assim vocês vão poder ter mais detalhes.
Não deixem de acompanhar!

terça-feira, 6 de maio de 2008

Mapas e fotos








Hotel famoso de Udaipur- aparece num filme do 007
Jodhpur- cidade azul
Jaisalner- cidade ouro




Jaipur- cidade rosa

Agra- Taj Mahal

sábado, 3 de maio de 2008

Oi pessoal, tudo bem? Pensaram que eu tinha abandonado o blog? Não mesmo. É que o contrato de trabalho do Luciano é 21 dias de trabalho e sete de folga. Nestes sete (que contando os deslocamentos acabam virando uns 12), estamos aproveitando para conhecer alguns lugares. Nas viagens eu não escrevo porque é muita correria. Mas agora acabamos de chegar do Rajastão, noroeste da Índia. Tenho muitas novidades.....Fiquem atentos.
Tinha escrito antes de ir sobre Ayurveda e publiquei hoje, dêem uma olhadinha.
Também quero agradecer a todos os comentários que recebi, que para mim, são de muito valor.
Beijos para todos

Ayurveda

Chegando no resort Kadavu em Calicut fiquei sabendo que este hotel é um dos mais reconhecidos centros ayurvédicos do mundo.
Mas o que é isso afinal de contas? Ayurveda é o nome dado à ciência médica desenvolvida aqui na Índia há mais de cinco mil anos, ou seja, um dos mais antigos sistemas medicinais do mundo. Em sânscrito (língua clássica da Índia- um dos 23 idiomas oficiais) Ayur, siginifica vida, veda, significa conhecimento de.
A medicina ayurvédica é vista como a mãe da medicina pois serviu de base para o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa, árabe, romana e grega.
Tanto a Índia como o Japão tinham a necessidade de criar uma medicina eficaz e barata para atender às suas enormes populações. Com este interesse incomum houve um grande intercâmbio de informações entre os dois países, logo existe muito da medicina japonesa nos conceitos de ayurveda.
Cada ser humano tem uma composição diferente (bom, não vou entrar nos detalhes dificílimos de se entender), logo a ayurveda não é uma medicina que se aplica de maneira igual para todos. Existem médicos que fazem a “leitura” do desequilíbrio de cada um de nós.
Além de uma alimentação adequada, fitoterapia (estudo das plantas medicinais e suas aplicações), yoga e outras técnicas, a massagem é muito utilizada por ser de baixo custo, fácil aplicação e de ter excelentes resultados. Ela age no sistema linfático, desintoxicando o organismo, circulatório e energético. Por cada indivíduo ser único, como disse acima, não existe só uma técnica de massagem na ayurveda, e sim muitas, que são feitas com óleos medicados de acordo com as necessidades de cada um.
É muito importante dizer que a ayurveda não trata a doença e sim o indivíduo, trabalhando para o equilíbrio de cada ser humano.
Não poderia deixar de contar qual é a principal função do resort do qual estamos, não é mesmo?

Fotos



Farmácia do hotel
Placa na recepção do centro