segunda-feira, 21 de abril de 2008

Burocracia

Desta vez o assunto é bem conhecido e chatérrimo. Burocracia. O Luciano me contou, impressionado e ao mesmo tempo rindo, da quantidade de papéis, assinaturas e carimbos que são necessários para um avião poder decolar de um aeroporto na Índia. Mas como não contar?
Os vôos que o Luciano tem feito são para o Golfo Pérsico (Dubai, Abu Dhabi, Muscat, Sharjah), logo são Internacionais.
Vou enumerar os passos, desde a saída do hotel até a chegada ao mesmo para vocês não se perderem na quantidade.
1) A Air India terceiriza os serviços de condução, de ida e vinda aos aeroportos, para tripulação. No horário certo eles pegam a tripulação no hotel. Chegando no aeroporto o comandante tem que assinar a ordem deste serviço prestado;
2) O primeiro passo ao chegar ao aeroporto é se apresentar ao D.O. (despacho operacional). Até aí normal, no Brasil também é assim. Mas aí é que vêm as fichas e assinaturas. Primeira ficha a conferir e assinar tem o nome do comandante, sua matrícula na empresa, horário da apresentação e número do vôo;
3) Depois tem uma ficha com os dados de passaporte de toda a tripulação que vai fazer este vôo. Todos assinam do lado do seu próprio nome e o comandante é o último a assinar, pois tem que conferir. São cinco vias. No Brasil não tem isso;
4) Em seguida, tem as fichas (para pilotos uma e para comissários outra) de pertences pessoais dos quais estão levando, como relógios, jóias, dinheiro, celular, etc. Depois de todos preencherem o Luciano assina (são cinco vias de cada ficha);
5) Conferir e assinar plano de vôo, são três vias (uma fica com o comandante, outra com o co-piloto e outra com o despachante do vôo);
6) Saem do D.O. e vão para o Check in onde o comandante tem que assinar a General Declaration (documento com nome de toda tripulação). Todos assinam e o comandante é o último a assinar. No Brasil é só olhar;
7) Vão para emigração com as cinco vias da lista de dados do passaporte da tripulação. O funcionário carimba, assina e devolve duas vias;
8) Agora vão para alfândega onde ficam três funcionários esperando o comandante que entrega as cinco vias da lista de pertences pessoais. Um assina, outro olha e outro carimba todas as vias. Devolvem três;
9) Raio X. Colocam uma etiqueta na bagagem de cada um (em geral uma briefcase). Um funcionário olha o raio X, outro carimba a tal etiqueta e outro passa detector de metal manual em todo corpo do tripulante e não deixa de olhar o crachá;
10) Cinco passos a frente tem mais um funcionário para conferir se foi carimbada a etiqueta da bagagem;
11) Chegam no avião. Ufa! Pensam que acabou? Não mesmo. Agora tem um policial na porta do avião pedindo mais uma assinatura (de cada tripulante) de mais uma via da General Declaration. O comandante, de novo, é o último a assinar. Desta vez é só uma via que fica com o policial;
12) O comandante revisa e assina o livro de bordo;
13) Assina o formulário de abastecimento e fica com uma via;
14) Assina a ficha de balanceamento que são três vias, uma fica outras duas são para despacho;
15) Mais uma General Declaration. Essa não é para assinar;
16) Assina Security Clearance (papel dizendo que a segurança verificou o avião e o está liberando), quatro vias, uma fica. Fecham a caneta, prontos para voar;
17) Agora é o retorno. Caso tenham algo a declarar sobre o vôo escrevem no livro de bordo. Se estiver tudo ok é só assinar de novo;
18) A comissária chefe também tem seu livro de bordo e o comandante não pode deixar de assinar,
19) Saem do avião. Passam pela emigração de novo. O funcionário carimba e assina as duas vias da ficha de lista de dados do passaporte. Devolve uma;
20) Alfândega e raio X. Entregam as duas vias da lista de pertences pessoais desta vez só para um funcionário. Carimba e assina e devolve duas vias;
21) Dez passos à frente e entregam as outras duas vias para outro cara;
22) Vão para o D.O. entregar toda a papelada que ficou aos cuidados do co-piloto durante todo percurso;
23) Finalmente vão para condução, hotel e antes de descansar: “por favor comandante, podes assinar...? ““.

Um comentário:

Ricardo Calovi disse...

bem, pelo menos não é só aqui, o que não é nenhum reconforto.